quinta-feira, 5 de maio de 2011

MANIFESTO DO BIOLUTAS CONTRA O CONSENSO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO

Companheiras e companheiros do Biolutas PT/RJ,

O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro vai se reunir no dia 31 de maio para debater a política de alianças. Até o dia 20, os núcleos podem encaminhar textos para o encontro do Diretório. Assim, eu e Wallace, com a revisão de Marta Peres, elaboramos um texto para ser debatido em nosso encontro horizontal do dia 9 de maio, às 18 h, na av. 13 de maio, 8º andar, no Sindicato dos Administradores no auditório Barbosa Lima Sobrinho. Trata-se o texto, portanto, de uma proposta para ser debatida e concluída no dia 9 pelo Biolutas PT/RJ. ANDRÉ BARROS


MANIFESTO DO BIOLUTAS

CONTRA

O CONSENSO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO


O governo Lula é uma referência mundial, porque não seguiu qualquer modelo. Com sua genialidade, a força do Partido dos Trabalhadores e dos movimentos sociais, Lula governou para os nossos únicos aliados, os trabalhadores formais e precariados, ampliando o acesso ao Estado Democrático de Direito. Combateu a miséria, a fome e moveu o ponteiro da distribuição de renda, estagnado há mais de vinte anos, fazendo com que mais de 100 milhões de brasileiros chegassem a uma renda mensal em torno de 1300 reais, o que tem sido genericamente chamado de classe `C`.


O sucesso e a “eficiência” de nossas políticas sociais elevaram o prestígio mundial do Brasil e trouxeram a Copa do Mundo, as Olimpíadas e outros megaeventos para o pais, que vão acontecer na `fábrica de alegria do mundo`, o Rio de Janeiro, do samba e do carnaval. Por conta das políticas sociais e do êxito do governo Lula, cada palmo de terra desta cidade valorizou muito.


Desta forma, o `olho gordo` da acumulação e da especulação imobiliária está focado na cidade maravilhosa. Grandes construtoras e empreiteiras cobiçam nosso território e aproveitam estrategicamente a valorização por conta dos megaeventos conjugados com as politicas sociais do governo Lula que também contribuíram substancialmente para a “pacificacão” da cidade.


Assim, a aliança eleitoral do PMDB com o PT torna-se estratégica para legitimar e escamotear este verdadeiro choque de ordem contra os pobres do Rio de Janeiro, protagonizado pelo prefeito Eduardo Paes, e com a captura de parte do PT. Por trás da retórica de “legado da cidade”, pavimenta-se um processo de reorganização do território urbano determinada pela passagem às formas de acumulação próprias do capitalismo cognitivo e com o objetivo de transformar o Rio de Janeiro numa cidade dita “global”, cara, banindo os pobres e redesenhando a cidade a partir dos interesses de uma elite, que usa a aliança do PMDB com PT-RJ para trazer as verbas do Governo Federal. Promovem uma reorganização autoritária do espaço urbano com a histórica práxis biopolítica de choque de ordem nos pobres, expulsando-os, como sempre, dos centros, onde situam-se os melhores serviços públicos da cidade, espaços estes que estão sendo exponencialmente valorizados pela “geopolítica” dos megaeventos.


Esta aliança que governa atualmente o município e o estado, com a participação subalterna e sem debate com o PT-RJ, pode comprometer seriamente o futuro do Rio de Janeiro. O Metrô do Rio, por exemplo, apesar de ser público e notório o péssimo serviço que vem prestando à população, teve sua concessão renovada por mais 50 anos! Meio século de mais-valia extraída do controle dos fluxos vitais da população carioca, tratada de forma perversa e cínica nos abarrotados vagões da cidade. Vamos acorrentar o futuro do Rio de Janeiro a estes contratos espúrios e obscuros feitos à revelia dos interesses da população? Quem, no PT-RJ, assina embaixo desses desmandos? E por quê?


O Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro tem quadros de sobra para apresentar e ganhar as eleições na cidade, mostrando, nas lutas concretas do dia a dia, que nós é que somos o partido da políticas sociais e temos o compromisso de aproveitar esses megaeventos para melhorar e distribuir os serviços e reduzir a brutal desigualdade social da cidade maravilhosa. Não venham com essas migalhas de cargo de vice-prefeito.


O discurso que vincula a aliança com Paes à candidatura de Lindberg para 2014 é totalmente absurdo, pois seria, na realidade, o fortalecimento do PMDB e da candidatura de Pezão para governador, abrindo para o nosso jovem Senador no máximo na disputa para vice. O pior de tudo é que, quando o PT do Rio de Janeiro `fala mais grosso`, no máximo, é para dizer que não aceita a aliança sem o vice, abstraindo convenientemente o mérito e o conteúdo da política efetivamente adotada, além de confessar que nem mesmo o vice está garantido e podemos ainda levar outra volta do PMDB, quando acenou para Molon, enquanto, apressadamente, filiava Paes.


Seríamos, então, o `partido dos vices`, agora, com Paes, e depois, com Pezão? Pior, numa falsa aliança, pois não existe consenso com a elite que busca acumular mais ainda com a melhoria da renda das nossas políticas sociais, querendo apenas punir os pobres e controlar a vida, sem aceitar a diversidade e a importância da democratização dos instrumentos necessários para potencializar toda a nossa criativa diversidade cultural.


NÚCLEO BIOLUTAS DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DO RIO DE JANEIRO






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Adv.André Barros