André Barros, 51 anos, carioca, mestre em ciências penais, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros e advogado da Marcha da Maconha. Entrou na Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ em 1989, onde foi delegado, membro, Secretário-Geral e atualmente Vice-Presidente.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Planta na Mente: quarta-feira de brasas Por Dr. André Barros
Participei do encontro que decidiu, pelo voto da maioria, o nome Planta na Mente para o primeiro bloco do Rio de Janeiro que defende a legalização da maconha no Brasil.
Em 2011, logo no primeiro ano do desfile, tivemos de enfrentar a proibição da guarda municipal que, depois de muita discussão, confessou estar cumprindo a ordem da Comissão Drogas da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Como os mandantes não estavam presentes, fizemos um acordo e desfilamos até metade do trajeto. No ano seguinte, sambamos, sem problemas, dentro do calendário oficial da Prefeitura, por toda a rua Joaquim Silva, na Lapa.
Neste ano, fomos colocados no calendário da Prefeitura na mesma data, quarta-feira de cinzas. Mesmo em cinzas, o bloco da maconha carioca vem encontrando dificuldades em desfilar. O corpo de bombeiros indeferiu a saída de nosso bloco em razão do carro de som.
Nosso desfile, completamente da paz, vem, novamente, encontrando dificuldades em passar pela avenida do Selarón. Trata-se do racismo de nossa monarquia escravocrata, contra os negros que trouxeram a maconha para o Brasil, acumulado aos libertários anos da juventude branca dos anos 60, que enfrentaram o biopoder no Brasil.
É preciso colocar um parágrafo para enfatizar que não somos o primeiro bloco do Brasil a defender a legalização da maconha. Há mais de 40 anos, na maravilhosa cidade pernambucana de Olinda, desfila o bloco “Segura a Coisa”, que apresenta um “baseadão” como sua alegoria libertária da legalização da erva de Jah.
Às vésperas do desfile, o corpo de bombeiros apresentou várias exigências ao Planta na Mente, impossíveis de serem cumpridas em tão pouco tempo, objetivando certamente impedir o desfile do nosso bloco. A maior delas é relacionada ao nosso pequeno carro de som. Mas, sendo necessário, não precisamos tanto desse aparelho e vamos desfilar com a força de nosso canto coletivo no gogó.
Pensam que vão nos calar, mas não conhecem a força de nossa canção, evolução e harmonia. Pensaram em nos incinerar numa quarta-feira, que de cinzas, Jah transformamos em quarta-feira de brasas.
Então, vamos lá, irmandade, lotar nossa luta e mostrar toda a nossa potência aos invejosos, que buscam estragar nossa alegria! Será na próxima quarta, 13 de fevereiro de 2013, às 4:20 da tarde, na escadaria do imortal Selarón, que vamos arder em brasas nossa quarta-feira de cinzas!
ANDRÉ BARROS, advogado da Marcha da Maconha
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