segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O devir da revolução árabe.

O devir da revolução árabe.

"Pensam vocês que os homens que experimentaram a
benção da liberdade aceitariam, calmamente,
vê-la arrebatada?" - Toussaint Louverture

Plano de O Encouraçado Potemkin, Sergei Eisenstein, 1925

Há três meses, ninguém poderia imaginar a magnitude da revolução que varre o mundo árabe. Como a lavagem das escadarias do Bonfim, está arrastando ditaduras e suas elites para os livros de história. Imprevisível, doida varrida, a revolução já derrubou os ditadores Ben Ali, na Tunísia, e Hosni Mubarak, no Egito. Tiranos que, até pouco tempo, eram tidos por sólidos como rocha. Neste instante, uma multidão luta com gritos e pedras contra as ditaduras no Bahrein, na Líbia, no Iêmen, na Argélia. Tumultos também afloraram no sul do Iraque pós-ocupação americana, e no Irã teocrático.

A revolução chamejou como faísca na gasolina, e lançou um espectro a assombrar regimes autoritários, do Magreb à China, passando pelos governos xenófobos da Europa, pródigos em reprimir e humilhar os imigrantes. Se o pavor da classe dominante ante a revolução haitiana (1804) condicionou a história do século 19; e ante a revolução russa (1917), a do 20; quem sabe a revolução árabe (2011) não seja o evento fundante das lutas deste século.

No entanto, não faltam analistas de primeira hora, a enquadrar essa revolução sem precedentes nos seus esquemas e teorias de plantão. Em vez de tentar entender a singularidade do movimento, disputam entre si quem será o primeiro a dar-lhe a última palavra.

Por um lado, comentadores mais à direita resmungam que a revolução acabará mal. Sem alternativa organizada, o futuro da revolução estaria nas mãos dos fundamentalistas islâmicos. A Fraternidade Muçulmana, conectada ao Irã e à al-Qaeda, seria a única vanguarda ativa. Portanto, a médio prazo, o único grupo capaz de suceder as ditaduras depostas. Profetizam o retrocesso em direitos humanos e em igualdade de gênero, bem como o fortalecimento do "terrorismo" (sic). Para eles, os muçulmanos não estariam preparados para a democracia e o islamismo teria uma tendência intrínseca e historicamente comprovada ao homem-bomba. E concluem com um falso problema: melhor uma ditadura laica "ocidentalizada", do que uma teocracia à moda aiatolá.

Por outro lado, analistas de uma esquerda nacional, herdeira do jacobinismo do século 19, igualmente antecipam o fracasso da revolução. Adotam a mesma razão em essência: ausência de vanguarda organizada. Por não haver um partido e um programa de esquerda como fios condutores, os revoltosos não teriam como resistir à contrarrevolução. Sem "mudança estrutural", as vitórias conquistadas paulatinamente seriam diluídas, e o regime recomporia as suas bases aos bocadinhos. Muda-se tudo para não mudar nada: as novas elites e seus representantes maquiariam reformas, e o sistema de exploração enfim persistiria. O putsch militar no Egito seria sinal desse anticlímax.

Ambos os modos de analisar o tumulto falham. Escapa-lhes o mais importante: a materialidade das lutas em análise. Idealistas, vêm com modelos prontos, em vez de pinçar as relações de força e dinâmicas materiais que aconteceram. Não é que a revolução tenha ocorrido sem organização partidária ou militante coesa. É que ela só poderia ter acontecido assim, tanto que aconteceu. Que dificuldade em atribuir realidade aos acontecimentos como tais!

As pessoas que escrevem de dentro do turbilhão --- quer da mídia infiltrada (al-Jazeera, Robert Fisk), quer de árabes engajados na luta (como o sociólogo Mohamed Bamyeh) --- concordam que essa revolução se fez e se faz um dia após o outro. Ao deparar-se com desafios e ameaças, encara-as a sua maneira, sem receitas do que fazer, livros messiânicos ou diretivas de comitês centrais. Não houve complô de seitas iluminadas, fundamentalistas ou socialistas --- e foi isso que asssegurou a potência do acontecimento.

Ora, com que peripécia os analistas podem apontar fraqueza no que, precisamente, tem sido a força da revolução? por vários motivos.

Em primeiro lugar, não acreditam na multidão. Em parte, porque estão cegos à inovação, ao que de singular pulsa no Magreb e Oriente Médio. Não conseguem explicar como os revolucionários se organizam e lutam, o seu corpo político que dispensa ideologia ou bandeira unificada. Confundem formas transversais de organização com anarquia; governo imanente da multidão com desgoverno das massas. Não enxergam que o saber revolucionário circula de boca em boca, alimenta-se da prática concreta, difunde-se nas redes sociais. Uma sabedoria inacabada e imperfeita, mas concreta. Os árabes aprenderam muitas coisas e não à toa, a Praça Tahir, enquanto experiência, se repita noutros lugares (a Praça Pérola, no Bahrein). Porém, isso não cabe no noticiário, monopolizado por comentários sobre efeitos de superfície (geopolítica), com honrosas exceções (TV al-Jazeera).

Em segundo, supervalorizam o poder. Cacoete de ler os acontecimentos com os olhos dos vencedores, isto é, por meio da História. Assim, examinado sob a espécie do poder, pensam que o exército egípcio "deixou" a revolução acontecer. Quando, na realidade, o exército foi feito refém da multidão. E findou carreado pelo processo constituinte, inclusive amalgamando-se a ele. Se, agora, o alto comando encetar algum 9 Termidor, a Praça Tahir está preparada para ser ocupada uma vez mais e mostrar à evidência quem manda.

Uma revolução impacta o modo de sentir das pessoas. O medo muda de lado e elas passam a perceber a fragilidade do poder. Menos que planos mirabolantes, a revolução é "sopro que abre brechas nos muros". Basta as pessoas se determinarem a não mais participar, que a panóplia de autoridades e interditos colapsa em questão de dias. Aí as ruas se inundam de revolta e ódio, mas também de carnaval e amor. O porvir se abre, cada dia se torna uma aventura, as pessoas se amam com mais cupidez. Carpe diem político. Essa proliferação de afetos contagia as multidões noutros lugares e noutros tempos, retraduzindo os eventos em sua própria língua --- somos todos egípcios!

As formas de organização, o saber-fazer da luta, a sensibilidade revolucionária, nada disso se perde. A História se fecha às lutas, mas não a memória e o sonho. Com efeito, o tumulto revolucionário irrompe da história e mesmo contra ela. A revolução liberta as pessoas da linha histórica, da mesmice, da narrativa do poder. Desata-as de um passado e um futuro pré-definidos de fora, e instala-as como produtoras de seu tempo, um novo tempo.

Haiti 1804, Rússia 1917, Egito 2011: a mesma luta, sempre diferente. Daí o erro dos ranzinzas ao praguejar que, "como das outras vezes", tudo vai terminar mal. Erram ao retroagir um juízo de valor histórico, que encerra a revolução no passado: traída, malograda, nociva. O erro está em exigir da revolução uma finalidade, um fim da História, quando ela exprime, justamente, a recusa de qualquer limite. Para o historiador das paixões tristes, nada nunca muda. Mas se nada pode acontecer, o palco está entregue à paz dos vencedores, ou seja, ao status quo.

Por tudo isso, o filósofo Gilles Deleuze advertia em não confundir o futuro da revolução com o devir revolucionário. Pouco importa o futuro, pois a verdadeira metamorfose se dá e já se deu. A percepção mudou. Nenhuma revolução genuína discute o futuro, mas sim o recomeço aqui e agora. Quando passa a discutir o futuro, se fecha como constituinte, e cede a vez aos usurpadores que governarão em seu nome.

É preciso ignorar os discursos lamurientos, à direita ou à esquerda, e também os pomposos (wishful thinking), e tentar aprender com os árabes. Apreender a sua face poética, demiúrgica, a sua fagulha raivosa e seu grande amor. Somos privilegiados. Ela potencializa os corpos e encadeia os pensamentos, que surgem espessos do frágil fio do cotidiano. Temos diante de nós uma revolução de verdade.

Prefeitura do Rio de Janeiro tem intensificado sua política de remoções forçadas de favelas

..
>
>
> Desde o ano passado, a Prefeitura do Rio de Janeiro tem
> intensificado sua
> política de remoções forçadas de favelas, realizando
> demolições e despejos
> sem o devido respeito à legislação nacional e
> internacional. As comunidades
> da Restinga, Vila Recreio II e Vila Harmonia são algumas
> das vítimas dessas
> práticas.
>
> Sob o argumento de que as casas ocupariam uma área a ser
> utilizada para a
> construção da Transoeste - obra que seria necessária
> para a adequação da
> estrutura urbana aos Jogos Olímpicos de 2016 e Copa do
> Mundo de 2014 – a
> municipalidade já demoliu mais de duzentas casas nestas
> comunidades - muitas
> sem negociação prévia.
>
> A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro vem
> atuando positivamente
> na proteção destes moradores através do Núcleo de Terra
> e Habitação, porém a
> luta no Judiciário tem se mostrado complicada. Assim, como
> no plano interno
> a situação parece relativamente blindada, estas
> comunidades resolveram
> acionar a esfera internacional para pressionar nossos
> governos a cessar com
> estas arbitrariedades.
>
> Com o apoio do Conselho Popular, Pastoral de Favelas, Rede
> de Comunidades e
> Movimentos contra a Violência e alguns colaboradores, as
> comunidades
> mencionadas apresentaram um pedido de outorga de medida
> cautelar à Comissão
> Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos
> Estados Americanos
> (CIDH-OEA), no começo do mês de janeiro, solicitando que
> o órgão
> internacional se pronuncie sobre a situação emergencial
> de violação de
> direitos na qual se encontra essas comunidades. Uma versão
> para divulgação
> do pedido segue em anexo.
>
> No último dia 7 de fevereiro, um mês após o envio do
> pedido, a Comissão
> Interamericana respondeu, solicitando maiores informações
> sobre as ameaças,
> número de moradores que cederam à pressão e foram
> forçados a negociar suas
> casas, dentre outras informações. A resposta a esta
> solicitação de
> informações também se encontra em anexo.
>
> Pedimos a todos os companheiros e companheiras que ajudem
> na circulação
> desta informação. As práticas arbitrárias conduzidas
> pelos nossos governos
> somente serão modificadas através da nossa união e
> luta!
>
>
> Saudações,
>
> Comunidade da Restinga
>
> Comunidade Vila Recreio II
>
> Comunidade Vila Harmonia
>
> Conselho Popular
>
> Pastoral de Favelas da Arquidiocese do Rio de Janeiro
>
> Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
>
>

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O CAMELÓDROMO, A PIRATARIA E OS POLICIAIS BANDIDOS DA PREFEITURA

O CAMELÓDROMO, A PIRATARIA E OS POLICIAIS BANDIDOS DA PREFEITURA

Hertz do MUCA, Movimento Unido do Camelôs

O Camelódromo da Uruguaiana foi construído para assentar os trabalhadores ambulantes do Centro, mas foi transformado em espaço empresarial de mercadorias piratas com a conivência da Prefeitura e das Polícias Civil e Militar. Com a “Operação Guilhotina”, desencadeada pela polícia federal, confirma-se o que era sabido, mas não se podia divulgar, pois não havia provas da corrupção, agora há o depoimento de uma testemunha que diz que até o Chefe da Polícia Civil recebia o valor de R$ 100.000,00(cem mil reais) por mês para manter o Camelódromo funcionando.


A Prefeitura responsável pela licença de funcionamento manteve o mesmo esquema da gestão passada, também ficou claro pela “Operação Guilhotina”, que a SEOP(Secretaria Especial de Ordem Pública) mantinha estreita ligação com o delegado Carlos Oliveira, que chegou a exercer o cargo de subsecretário operacional, este foi preso por formação de quadrilha. Então observamos como é gerida as operações de segurança e de ordem pública na cidade do Rio de Janeiro, com reflexos na eleição do antigo secretário da SEOP.


Assim como no combate ao tráfico de drogas e no combate à pirataria sempre são presos os pé de chinelo, os pobres camelôs do “pulo” que muitas vezes compram mercadoria no Camelódromo tem sido perseguidos e presos várias vezes por receptação e venda de produto pirata e contrabandeado, mas os grandes tubarões do tráfico, do contrabando e da pirataria estão fazendo investimentos em paraísos fiscais, convivendo com a burguesia em hotéis de luxo, financiando campanhas políticas e a corrupção, nunca serão atingidos por estas políticas de segurança, que na verdade só visam aterrorizar aos pobres, vender mais armas e dar continuidade ao sistema.


A polícia que mais mata nas comunidades e a prefeitura que mais faz remoções sem respeitar os direitos das famílias pobres cumprem os interesses do lucro fácil, que se associa com com estes erros, embora divulguem que estão combatendo. No caso das UPPS, uma operação óbvia que já deveria ter sido feita, só agora é realizada devido aos megainteresses da Copa do Mundo e Olimpíadas e é implementado na região que se pretende ver livre das armas para o bem estar dos estrangeiros.


Na operação do Camelódromo, que foi deflagrada talvez por intuição desta investigação federal, não soubemos de nenhuma prisão, não foi descoberto nenhum outro depósito, não há nenhum responsável que seja apontado como grande fornecedor, com certeza não é o mesmo tratamento concedido aos camelôs que são agredidos na rua por guardas municipais e são levados a DRCPIM e autuados em flagrante e recolhidos as prisões infectas do estado.


O Camelódromo deve voltar a servir aos ambulantes cadastrados pela Prefeitura, que após mais de um ano ainda não regulamentou os espaços do comércio ambulante, devendo incentivar as pessoas que realmente necessitam de exercer o trabalho e combater os grandes especuladores, buscando a organização e excluindo os grandes empresários que desejam explorar o comércio nas ruas.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Revolução Árabe: só a luta ensina.

13 de fevereiro de 2011
Revolução Árabe: só a luta ensina.
texto de Bruno Cava

A Dança, segunda versão, Matisse, 1910

A revolução árabe abriu a nova década. O eixo revolucionário começa a migrar da América do Sul, onde tantas mudanças incutiu nos anos 2000, para o mundo árabe. Os tumultos na Tunísia contagiaram as pessoas no Egito, na Argélia, na Jordânia, no Iêmen, em todos países árabes. Esta geração assiste à revolução no seu sentido mais lídimo. A palavra andava em desuso, desde as elegias ao capitalismo, com a queda do socialismo real. Com os acontecimentos de 2011, a revolução foi resgatada dos livros de história, de volta à conversa cotidiana, não mais demodê.

Uma revolução é sempre fresca de vivências e copiosa de elementos criadores. Mas ideólogos se apressaram em deitá-la na sua cama de Procusto, com teorias e sistemas encarquilhados. Trataram de suprimir a singularidade que faz dessa revolução um acontecimento sem precedentes. Pan-islâmica? socialista? fundamentalista? liberal-constitucionalista? nada disso.

As tentativas de classificação são muitas e todas erram em perder de vista o essencial. O que essa revolução tem de único: no que ela recombina todas as outras, e faz irromper o absolutamente novo. Não a classificaria nem como assembleísmo, espontaneísmo ou democracia direta. Ora, mais modesto que isso, quero aprender o que os árabes inventaram. Quero descobrir o que nem nome tem, muito além de socialismo ou capitalismo --- esse falso problema da geração passada. Nem um nem outro. É inclassificável.

Por sua vez, a grande imprensa repercute o império, numa cobertura falsária, a-histórica, desinformativa. Como o império, maneja dicotomias malandras: ditadura laica x teocracia, transição ordeira (mediada pelos EUA) x caos destrutivo. O engodo opera menos ao vender soluções erradas, do que em colocar falsos problemas. Estes sequer passaram pela cabeça dos revolucionários.

Bastam 30 minutos de assistência à Al-Jazeera para perceber o fundo do poço em que se encontra a TV brasileira e seus jornalistas ignorantes, totalmente dominados pelos falsos problemas. Na realidade o jornalismo tradicional entrou em extinção, neste tempo da comunicação pós-jornais.

Finge-se agora se tratar somente de uma luta contra um ditador octagenário. Assim genérica, uma dialética personificada no tirano. Grosseira simplificação. A revolução não se resume a "mera" luta contra um ditador, mas exprime o apoderamento do destino por uma geração esquecida, atrás de renda, liberdade, cidadania. Como se um regime não fosse a conjunção de diversas e sutis causas e efeitos, --- que, todavia, os árabes conhecem muito bem, porque é a vida deles. Mas o império precisa desarticular o discurso revolucionário, desacoplando-o das práticas tão perigosas.

A revolução demonstra cabalmente quão frágil é a ordem estatal e capitalista. Toda a simbologia e liturgia do poder desmorona em questão de dias, quando as pessoas desistem de participar dela. O poder constituído manipula o medo e vende a esperança, mas chega a hora em que as pessoas desesperam e a coragem cospe no medo. Desesperar-se acaba por levar à substituição do medo pela revolta, da espera pela ação, da moral comportada pela ética da democracia, da crença no futuro pelo tempo do agora. O medo muda então de lado, eis a revolução, e o sistema colapsa. A vaca se remexe, as moscas fogem. O poder soberano em toda parte compreende, assustado, o sentido real da potência da multidão. Não por acaso, se precipitam em concessões, em negociar a docilidade e clamar pela complacência.

A revolução significa romper diques. Para lucrar e acumular, o capitalismo precisa represar desejos e frustrar amores. Tais impulsos recalcados tumultuam as consciências e não poderão ser sublimados perpetuamente. Uma hora explode e não pára mais, indo além dos limites. A revolta encontra medida em seu próprio seio e recusa quaisquer apelos ao bom tom e à prudência.

É preciso recusar a tese de que o exército egípcio refreou impulsos mais destrutivos. Primeiro, porque o exército não passa de efeito de superfície. Dentro dele correm inúmeras divisões e conflitos, cada qual com seu corpo de relações sociais, políticas e econômicas. Segundo, porque no Egito o exército foi refém da multidão. Agiu quando e onde a multidão lhe permitiu e exigiu agir. Se evitou deturpações de alguns, foi mais como resposta à ética imanente aos revoltados, porque do contrário simplesmente não conseguiria. O exército esteve a serviço da revolta menos por condescendência ou simpatia, que por ser carreado por um turbilhão invencível, do qual não teve opção senão tomar parte.

A revolução árabe também é balde de água fria na esquerda apocalíptica. Passaram as últimas duas décadas lamuriando a derrota, num decadentismo barroco. Todas as formas de revolta estariam capturadas. O capitalismo teria irremediavelmente fechado as portas da lei. Nada restaria à esquerda senão refugiar-se em coleções sobre o estado de exceção tornado a regra, à espera de algum evento messiânico. Quando a utopia pressupõe a espera, levanta as mãos para os céus e não contra os inimigos. Tristes criaturas e tristes paixões, em contraste acintoso à alegria e ao carnaval das ruas de Túnis ou Cairo. As ruas não anunciam verdades a um futuro longínquo, mas se povoam de potências e modos de sentir--- aqui e agora.

A revolução árabe também frustra outra esquerda. Militarizada em minúsculos partidos, julga-se encarregada de anunciar a boa-nova e guiar as massas ao reino da justiça. Tem fé num programa esquemático, e atuam para realizá-lo de modo maçônico, por meio de complôs e segredos. Dividem a sociedade em fiéis e pecadores, iluminados e iludidos, os últimos suscetíveis de conversão por panfletos, almanaques e cursos de domingo. Arrogante vontade pedagógica! ineficaz crença que a materialidade das lutas pudesse ser substituída por diagramas e esquemas.

A verdade das lutas se faz na premência do choque de forças. Porque só a luta ensina. Jamais faltou vanguarda em todos esses dias. Se se impõem iluminados pra guiar a massa, na mesma hora as pessoas iriam para casa. Praça Tahir foi o melhor curso intensivo revolucionário do planeta. Decerto mais rico do que cem livros vermelhos ou mil aulas universitárias. O fetiche da vanguarda enfraquece o movimento, ao dissociar meios e fins e lhe usurpar ímpeto e energia.


A revolução árabe tampouco pode ser chamada de anárquica. Pulsam formas de organização e se estabeleceu certa lógica da mobilização. Porém, isso se construiu no dia-a-dia, nas ruas e praças, nos entrechoques e escaramuças, nas incursões e evasões. A lógica não veio de cima, de um plano pronto: foi-lhe imanente. Organiza-se como um enxame: de todas as direções, sem centro ou hierarquia, onde circula um saber prático, fluido, retroalimentado.

A grande mídia e os ideólogos da soberania estão confusos e amedrontados. Disfarçam o incômodo, mudando de assunto: geopolítica e implicações econômicas. Temem o aprendizado dos ativistas pelo globo. Temem que aprendam a essência-potência dessas lutas, que consiste no como exprimir, articular, mobilizar, propagar. Não posso falar quase nada sobre esse como, pois não vivenciei a revolução nos seus dias e noites de sangue e pedras. Mas sei que aprendê-lo será o desafio daqui pra frente. Ousar saber e saber ousar, na expressão de um filósofo italiano.

A revolução não é só tunisiana, egípcia ou árabe, mas de todos os jovens e pobres e desejantes. Luta que é local no embate concreto de forças, mas global na proliferação intensiva de afetos e desejos. Flui pela rede mundial e deflagra novos focos pelo planeta. Já não é mais demasiado otimismo crer que pegue na Europa de tantos milhões de imigrantes e precários. A história se faz a olhos vivos e inspira uma geração nascida sob o signo da apatia e a descrença.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Manifesto de fundação do PT

Colégio Sion – São Paulo, SP – 10/02/1980

MANIFESTO DE FUNDAÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

O Partido dos Trabalhadores surge da necessidade sentida por milhões de brasileiros de intervir na vida social e política do País para transformá-la. A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas é a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou não virá.

A grande maioria de nossa população trabalhadora, das cidades e dos campos, tem sido sempre relegada à condição de brasileiros de segunda classe. Agora, as vozes do povo começam a se fazer ouvir através de suas lutas. As grandes maiorias que constroem a riqueza da nação querem falar por si próprias. Não esperam mais que a conquista de seus interesses econômicos, sociais e políticos venha das elites dominantes. Organizam-se elas mesmas, para que a situação social e política seja a ferramenta da construção de uma sociedade que responda aos interesses dos trabalhadores e dos demais setores explorados pelo capitalismo.

NASCENDO DAS LUTAS SOCIAIS

Após prolongada e dura resistência democrática, a grande novidade conhecida pela sociedade brasileira é a mobilização dos trabalhadores para lutar por melhores condições de vida para a população das cidades e dos campos. O avanço das lutas populares permitiu que os operários industriais, assalariados do comércio e dos serviços, funcionários públicos, moradores da periferia, trabalhadores autônomos, camponeses, trabalhadores rurais, mulheres, negros, estudantes, índios e outros setores explorados pudessem se organizar para defender seus interesses, para exigir melhores salários, melhores condições de trabalho, para reclamar o atendimento dos serviços nos bairros e para comprovar a união de que são capazes.

Estas lutas levaram ao enfrentamento dos mecanismos de repressão imposto aos trabalhadores, em particular o arrocho salarial e a proibição do direito de greve.

Mas tendo de enfrentar um regime organizado para afastar o trabalhador do centro de decisão política, começou a tornar-se cada vez mais claro para os movimentos populares que as suas lutas imediatas e específicas não bastam para garantir a conquista dos direitos e dos interesses do povo trabalhador.

Por isso, surgiu a proposta do Partido dos Trabalhadores. O PT nasce da decisão dos explorados de lutar contra um sistema econômico e político que não pode resolver os seus problemas, pois só existe para beneficiar uma minoria de privilegiados.

POR UM PARTIDO DE MASSAS

O Partido dos Trabalhadores nasce da vontade de independência política dos trabalhadores, já cansados de servir de massa de manobra para os políticos e os partidos comprometidos com a manutenção da atual ordem econômica, social e política. Nasce, portanto, da vontade de emancipação das massas populares. Os trabalhadores já sabem que a liberdade nunca foi nem será dada de presente, mas será obra de seu próprio esforço coletivo. Por isso protestam quando, uma vez mais na história brasileira, vêem os partidos sendo formados de cima para baixo, do Estado para a sociedade, dos exploradores para os explorados.

Os trabalhadores querem se organizar como força política autônoma. O PT pretende ser uma real expressão política de todos os explorados pelo sistema capitalista. Somos um Partido dos Trabalhadores, não um partido para iludir os trabalhadores. Queremos a política como atividade própria das massas que desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade. O PT quer atuar não apenas nos momentos das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias.

Queremos, por isso mesmo, um partido amplo e aberto a todos aqueles comprometidos com a causa dos trabalhadores e com o seu programa. Em consequência, queremos construir uma estrutura interna democrática, apoiada em decisões coletivas e cuja direção e programa sejam decididos em suas bases.

PELA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DOS TRABALHADORES

Em oposição ao regime atual e ao seu modelo de desenvolvimento, que só beneficia os privilegiados do sistema capitalista, o PT lutará pela extinção de todos os mecanismos ditatoriais que reprimem e ameaçam a maioria da sociedade. O PT lutará por todas as liberdades civis, pelas franquias que garantem, efetivamente, os direitos dos cidadãos e pela democratização da sociedade em todos os níveis.

Não existe liberdade onde o direito de greve é fraudado na hora de sua regulamentação, onde os sindicatos urbanos e rurais e as associações profissionais permanecem atrelados ao Ministério do Trabalho, onde as correntes de opinião e a criação cultural são submetidas a um clima de suspeição e controle policial, onde os movimentos populares são alvo permanente da repressão policial e patronal, onde os burocratas e tecnocratas do Estado não são responsáveis perante a vontade popular.

O PT afirma seu compromisso com a democracia plena e exercida diretamente pelas massas. Neste sentido proclama que sua participação em eleições e suas atividades parlamentares se subordinarão ao objetivo de organizar as massas exploradas e suas lutas.

Lutará por sindicatos independentes do Estado, como também dos próprios partidos políticos.

O Partido dos Trabalhadores pretende que o povo decida o que fazer da riqueza produzida e dos recursos naturais do País. As riquezas naturais, que até hoje só têm servido aos interesses do grande capital nacional e internacional, deverão ser postas a serviço do bem-estar da coletividade. Para isto é preciso que as decisões sobre a economia se submetam aos interesses populares. Mas estes interesses não prevalecerão enquanto o poder político não expressar uma real representação popular, fundada nas organizações de base, para que se efetive o poder de decisão dos trabalhadores sobre a economia e os demais níveis da sociedade.

Os trabalhadores querem a independência nacional. Entendem que a Nação é o povo e, por isso, sabem que o País só será efetivamente independente quando o Estado for dirigido pelas massas trabalhadoras. É preciso que o Estado se torne a expressão da sociedade, o que só será possível quando se criarem as condições de livre intervenção dos trabalhadores nas decisões dos seus rumos. Por isso, o PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática, do ponto de vista dos trabalhadores, tanto no plano econômico quanto no plano social. O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados e nem exploradores. O PT manifesta sua solidariedade à luta de todas as massas oprimidas do mundo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Nós vamos hackear o PT !

Dia 7/02 na Av. 13 de maio, 13 no antigo Bola Preta

Só número cabalistico!
...
Para isso convidamos a todos para o lançamento do Núcleo "Biolutas" do PT do Rio, no dia 07 de fev as 18h30 na Av. 13 de Maio no. 13, 8o. anda no Auditório Barbosa Lima Sobrinho, no prédio da antiga sede do Glorioso Bola Preta, na Cinelândia.

Para quê mesmo?

1. O objetivo do núcleo é atuar propositivamente e fomentar o debate dentro do Partido dos Trabalhadores nas lutas da cidade do Rio de Janeiro, que afetam diretamente a vida e a existência da população, como: erradicação da miséria, plano diretor democrático, função social da cidade e da propriedade, direito à moradia digna, gestão comum do território contra as remoções arbitrárias, Sistema Único de Saúde, banda larga para todos universal e gratuita garantida pelo Estado, contribuir para a formulação de estratégias de gestão democrática de território/população e direitos dos usuários de drogas.

É tudo isso e também:

2. O Núcleo Biolutas também quer pensar a centralidade da Cultura numa reconfiguração e revitalização das cidades, no momento em que o Rio de Janeiro está no centro de uma série de disputas decisivas pela "riqueza da pobreza", os territórios (as favelas) e a produção cultural vinda das periferias, do precariado urbano, dos pontos de cultura, etc. No momento, também, que a "indústria da cultura" busca impor um projeto cultural vindo "de cima".

O Núcleo se propõe discutir e contribuir na formulação de politicas públicas que pensam as dinâmicas culturais e sua relação com os territórios e com as lutas globais. A cultura está hoje no cerne da nova economia e da sociedade e queremos interagir com as novas forças de podução, resistência e criação da cidade.

3. Como militantes do comum, nosso programa é a expressão das demandas das lutas da cidade. Topografar e intervir nas formas de dominação, exploração e submissão das relações de poder sobre vidas e territórios da nossa cidade maravilhosa.

É sobre o corpo que se abate o poder punitivo de um estado de herança monarquista e escravocrata. Banalizado na cidade onde mais jovens, negros e pobres morrem em razão de arma de fogo no mundo. É o amor pela vida que deve orientar as políticas públicas.

Por quê mesmo?

4. O PT deve abrir seus olhos para as novas relações de poder nas cidades, para o trabalho informal e para o atual regime de acumulação de capital, onde a mais valia é extraída de toda produção social.

O NÚCLEO DE BIOLUTAS vai viver em nosso partido as lutas da cidade e faz um convite a todos que quiserem se filiar.

ANDRÉ BARROS, ADVOGADO, PT, Universidade Nômade
WALLACE HERMANN JR, PT e Universidade Nômade
GIUSEPPE COCCO, professor da UFRJ e Universidade Nômade
BRUNO CAVA, engenheiro, bacharele em direito e universidade Nômade
MARTA PERES, FILIADA AO PT, professora da UFRJ
PEPE BERTARELLI,Arquiteto - Urbanista, Universidade Nômade
ANA LÚCIA MAGALHÂES BARROS, PT, psicanalista e universidade nômade
CARLOS FRAZÃO, PT, motorista
ZILDA FERREIRA, PT, jornalista e blogueira
BARBARA SZANIECKI, Universidade Nômade
IVANA BENTES, professora da UFRJ e Universidade Nômade
PAULO SAAD, PT e arquiteto urbanista
OSMAR BARBOZA, PT e administrador
FELIPE GARCEZ (PATO), PT e vice da UEE da Baixada Fluminense
TATIANA ROQUE, professora da UFRJ e Universidade Nômade
JEAN TIBLE, PT e Mestre em Relações Internacionais
PEDRO MENDES, PT, Cientista Social e Universidade Nômade
VANESSA SANTOS DO CANTO
DANTON DORNELLAS, PT e estudante
LIMA, PT e CUT
JEAN TIBLE, PT
Henrique Antoun, PT e professor

NÚCLEO BIOLUTAS DO PARTIDOS DOS TRABALHADORES

1. O objetivo do núcleo é atuar propositivamente e fomentar o debate dentro do Partido dos Trabalhadores nas lutas da cidade do Rio de Janeiro, que afetam diretamente a vida e a existência da população, como: erradicação da miséria, plano diretor democrático, função social da cidade e da propriedade, direito à moradia digna, gestão comum do território contra as remoções arbitrárias, Sistema Único de Saúde, banda larga para todos universal e gratuita garantida pelo Estado, contribuir para a formulação de estratégias de gestão democrática de território/população e direitos dos usuários de drogas.



2. O Núcleo Biolutas também quer pensar a centralidade da Cultura numa reconfiguração e revitalização das cidades, no momento em que o Rio de Janeiro está no centro de uma série de disputas decisivas pela "riqueza da pobreza", os territórios (as favelas) e a produção cultural vinda das periferias, do precariado urbano, dos pontos de cultura, etc. No momento, também, que a "indústria da cultura" busca impor um projeto cultural vindo "de cima".

O Núcleo se propõe discutir e contribuir na formulação de politicas públicas que pensam as dinâmicas culturais e sua relação com os territórios e com as lutas globais. A cultura está hoje no cerne da nova economia e da sociedade e queremos interagir com as novas forças de podução, resistência e criação da cidade.

3. Como militantes do comum, nosso programa é a expressão das demandas das lutas da cidade. Topografar e intervir nas formas de dominação, exploração e submissão das relações de poder sobre vidas e territórios da nossa cidade maravilhosa.

É sobre o corpo que se abate o poder punitivo de um estado de herança monarquista e escravocrata. Banalizado na cidade onde mais jovens, negros e pobres morrem em razão de arma de fogo no mundo. É o amor pela vida que deve orientar as políticas públicas.

4. O PT deve abrir seus olhos para as novas relações de poder nas cidades, para o trabalho informal e para o atual regime de acumulação de capital, onde a mais valia é extraída de toda produção social.

O NÚCLEO DE BIOLUTAS vai viver em nosso partido as lutas da cidade e faz um convite a todos que quiserem se filiar.

ANDRÉ BARROS, ADVOGADO, PT, Universidade Nômade
WALLACE HERMANN JR, PT e Universidade Nômade
GIUSEPPE COCCO, professor da UFRJ e Universidade Nômade
BRUNO CAVA, engenheiro, bacharele em direito e universidade Nômade
MARTA PERES, FILIADA AO PT, professora da UFRJ
PEPE BERTARELLI,Arquiteto - Urbanista, Universidade Nômade
ANA LÚCIA MAGALHÂES BARROS, PT, psicanalista e universidade nômade
CARLOS FRAZÃO, PT, motorista
ZILDA FERREIRA, PT, jornalista e blogueira
BARBARA SZANIECKI, Universidade Nômade
IVANA BENTES, professora da UFRJ e Universidade Nômade
PAULO SAAD, PT e arquiteto urbanista
OSMAR BARBOZA, PT e administrador
FELIPE GARCEZ (PATO), PT e vice da UEE da Baixada Fluminense
TATIANA ROQUE, professora da UFRJ e Universidade Nômade
JEAN TIBLE, PT e Mestre em Relações Internacionais
PEDRO MENDES, PT, Cientista Social e Universidade Nômade
VANESSA SANTOS DO CANTO
DANTON DORNELLAS, PT e estudante
LIMA, PT e CUT
JEAN TIBLE, PT
HENRIQUE ANTUM, PT e professor

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A revolução não morreu - Texto de Bruno Cava

1 de fevereiro de 2011
A revolução não morreu.

Cairo, 30 de janeiro de 2011, corajosa militante sem cobertura

O lindo da revolução árabe está em não ser comandada por nenhuma vanguarda leninista ou fundamentalista. O processo constituinte varre as ditaduras na Tunísia e Egito dispensando a figura do grande guia. Nem charlatões sectários vermelhos, nem beatos maniqueístas brancos. Mesmo assim, não se pode chamar de revolta anárquica ou desgovernada.

Tem um saber revolucionário que circula no boca-a-boca, aprende na contingência e organiza o movimento. Difunde-se nas ruas e praças, no tuíter e no facebook. Aqui não tem Povo, Estado, Nação; não tem bandeira unificada. É um enxame sem símbolos do poder, transnacional, multiminoritário. São muitas revoluções ao mesmo tempo. Esgarçam um horizonte de liberdade e as mulheres podem sair de jeans e cabelos soltos.

A religião não é incompatível com a democracia e a liberdade. O problema não é a fé, mas a apropriação política do medo e da esperança. Problema não é a relação pessoal com a divindade, mas a inscrição dela em regimes dogmáticos de autoridade e obediência.

O islamismo não é problema, mas as pretensões políticas transcendentes de profetas, salvadores e igrejas. Nem ocidentalização nem teocracia, melhor uma democracia islâmica com direitos às pessoas e minorias, dentro do comunitarismo da al-Ummah.

A questão religiosa é uma variável, como na política americana. Mas não determinante. Essa revolução brota da luta de classes. É duro quando a verdade bate na sua porta. Imagine um milhão de verdades encolerizadas...

A revolução cria sua própria verdade e se autodetermina na imanência do conflito. A revolta encontra a sua medida em si mesma, no fazer multidão dia após dia de agitação e alegria. Todos hoje somos egípcios.

Seria reducionismo teórico sondar agora analogias pra revolução árabe (cama de Procusto). Experiência a analisar-se na sua singularidade. É preciso pensar *a partir* da revolução árabe e não *sobre* ela. Pode disseminar pela Europa, através dos milhões de imigrantes "capilarizados". O saber revolucionário para o século 21 recomeça aqui.

Se, na década passada, a América do Sul foi a vanguarda política do planeta, nos anos 2010 o eixo revolucionário se move ao mundo árabe.

Vivemos tempos incríveis.

leia em
http://quadradodosloucos.blogspot.com/2011/02/revolucao-nao-morreu.html

Adv.André Barros