André Barros, 51 anos, carioca, mestre em ciências penais, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros e advogado da Marcha da Maconha. Entrou na Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ em 1989, onde foi delegado, membro, Secretário-Geral e atualmente Vice-Presidente.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
CEIA DOS EXCLUÍDOS DA IGREJA DA MACONHA
A Igreja do Reino de Jah, também conhecida como Igreja da Maconha, vai realizar a ceia dos excluídos nesta próxima sexta-feira, dia 21, às 4:20h da tarde na Cinelândia.
Jah, Deus, poder superior, natureza, força comum, chamem o espírito que desejarem e expressem da forma que sentirem o reflexo da ganjah. Nesta sexta-feira, o importante é excluir o falso estereótipo de que o maconheiro é apenas um doidão que só busca sua tranquilidade interior. Mais que isso, queremos a tranquilidade da humanidade, com água, comida, eletricidade, gás, e, principalmente amor entre todos os seres humanos.
Tentamos compreender a razão de tanto ódio contra a planta da paz. A única razão que encontramos é o racismo oriundo de nossas raízes escravocratas. A Igreja do Reino de Jah abre este importantíssimo debate em nosso amado e miscigenado país.
Em 1890, um ano antes da Constituição, o governo republicano do Brasil criou a “Seção de Entorpecentes Tóxicos e Mistificação”, para impedir o denominado "baixo espiritismo", a perseguição aos rituais de origem africana. A repressão manteve-se até o governo de Getúlio Vargas, que negociou com os fiéis a retirada da maconha dos cultos, em troca da legalização da Umbanda e do Candomblé.
Por isso a importância do artigo 2º da Lei 11343/2006:
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
Lutamos pela legalização da maconha para fins recreativos, medicinais, desportivos e religiosos. A IRJ abre esse importante debate num país que criminalizou a maconha em 1830, com o parágrafo 7º da Lei de Posturas Municipais do Rio de Janeiro.
Diversos coletivos vão participar desse ritual religioso e a presença de todos é fundamental. O Smoke Buddies, com mais de 250 mil integrantes em sua comunidade, após realizar festa sensacional, estará presente nessa sexta. A guerreira Suelen vai fazer presença com a comunidade do funk e vai colocar o balanço em debate. Os maconheiros guerrilheiros vão colocar na roda o que aconteceu no dia 19, em frente à 5ª Delegacia Policial, no movimento de apoio ao cineasta Silvio Tendler, intimado para depor em razão dos protestos contra a comemoração dos fascistas que apoiaram o golpe de 1964 e a ditadura militar, com suas torturas e assassinatos.
Estamos conscientes em todas as resistências pela erva da paz. Até sexta-feira, dia 21, em plena Cinelândia, às 4:20 da tarde.
ANDRÉ BARROS, advogado da Marcha da Maconha
19/12/2012